sábado, 6 de abril de 2019

ARTIGO CIENTÍFICO - CROSS-DOCKING


ARTIGO CIENTÍFICO - CROSS-DOCKING






UNIVERSIDADE DE SOROCABA
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
Curso de Tecnologia em Logística




Alex Felix Nepomuceno



CROSS-DOCKING
MS: Marinete A. Martins



Sorocaba/SP
2012
1.    CONCEITO


De acordo com Kinnear (1997 citado por PIRES, 2004, p.244)


O termo cross-docking tem origem no modal marítimo e no ferroviário e começou quando grandes navios atacados em portos passaram a descarregar suas cargas “over the dock”, ou seja, passaram a descarregar diretamente em outros pequenos navios, barcos ou vagões ferroviários. O setor ferroviário passou também a adotar tal prática, que logo se espalhou para outros setores industriais.


Ching (1999) ressalta que o cross-docking pode ser definido como uma operação do sistema de distribuição em que os produtos são recebidos, selecionados e encaminhados para outro veículo.
O objetivo do cross-docking é combinar estoques de múltiplas origens no sortimento de um cliente especifico. Os varejistas fazem amplo uso das operações de cross-docking para reabastecer lojas de estoques de alta rotatividade. (BOWERSOX; COOPER; CLOSS, 2006)
Segundo Gurgel (2000) quando o varejista contrata o fornecimento de itens de grande volume, que são entregues em caminhões fechados e diretamente nas lojas, sem necessidade de passar pelo centro de distribuição do varejista, poderá colocar uma clausula no contrato de cross-docking. O forne’cedor reservará, em cada caminhão um lugar para dois paletes e determinará que o caminhão passe antes no centro de distribuição do varejista. À noite são determinadas as necessidades das lojas de itens de baixo volume, que são separados e colocados nas docas, com as respectivas notas fiscais. Ao chegar o caminhão transportando mercadorias de alto volume a serem entregues diretamente nas lojas os itens de baixo volume são colocados no caminhão na área reservada.
Considera-se que o cross-docking é uma estratégia que a Wal-Mart tornou famosa. Nesse sistema, os depósitos funcionam como pontos de coordenação de estoques, em vez de pontos de armazenamentos de estoques. Em sistemas cross-docking típicos, as mercadorias chegam aos depósitos a partir dos fabricantes, são transferidas para veículos que atendem os varejistas e são entregues o mais rápido possível. As mercadorias permanecem muito pouco tempo no depósito – muitas vezes, menos de 12 horas. (SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010)



2.    VANTAGENS

“Ao aplicar o sistema cross-docking limita-se os custos de estoques e diminui os leads times[1] através da diminuição do tempo de armazenamento”. (SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010)
Como afirmam Oliveira e Pizzolato (2002) o cross-docking, permite que a administração dos Centros de Distribuição concentre-se no fluxo de mercadorias e não na armazenagem das mesmas. A aplicação deste sistema busca reduzir ou eliminar, se possível, duas das atividades mais caras realizadas em um armazém: a estocagem e o picking.
Segundo EAN Internacional (2000), dentre as diversas vantagens na aplicação do sistema cross-docking, destacam-se:
·      Redução de custos;
·      Redução da área física necessária no CD;
·      Redução da falta de estoque nas lojas dos varejistas;
·      Redução do número de estoques em toda a cadeia de suprimentos;
·      Redução da complexidade das entregas nas lojas: é realizada uma única entrega formada com toda a variedade de produtos dos seus diversos fornecedores, em um único caminhão;
·      Aumento do turn-over no CD: a rotatividade dentro do centro de distribuição aumenta, já que o sistema opera com entregas em menores quantidades e com maior frequência;
·      Aumento da disponibilidade do produto: devido ao ressuprimento contínuo ao varejo;
·      Suaviza o fluxo de bens: torna-se constante devido às encomendas frequentes;
·      Torna acessíveis os dados sobre o produto: devido ao uso de tecnologias de informação que proporcionam a intercomunicação entre os elos da cadeia, como por exemplo, o EDI que unifica a base de dados.


3.    DESVANTAGENS/DIFICULDADES

De acordo com Schaeffer (1998 citado por OLIVEIRA;PIZZOLATO, 2002), a desvantagem que se pode identificar estaria nos custos e esforços que os outros membros da cadeia de suprimentos teriam que absorver para que o sistema cross-docking alcance sucesso. Esses esforços estariam voltados para a implementação de melhorias em seus sistemas com o objetivo de fornecer a base necessária para o funcionamento efetivo do cross-docking. Entretanto, convencer os membros da cadeia a absorver estes custos e esforços não é uma tarefa fácil, pois se deve ter em mente a cooperação entre todos dentro da cadeia produtiva para atingirem o sucesso.
Para Alves (2000) muitas operações possuem todos os elementos físicos requeridos para implantação do cross-docking, ou seja, disponibilidade de um depósito, pessoal, equipamentos e veículos. Nestas circunstâncias, é temeroso executá-lo, sem o desenvolvimento de um planejamento prévio e formalizado. Este tipo de operação exige sincronização e integração entre diversas funções internas e externas.
“Essa estratégia apresenta como desvantagem o aumento no custo do transporte para o fabricante e distribuidor, pois devem enviar caminhões menores para mais destinos”. (SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010)


4.    ESTUDO DE CASO

Transportadora Braspress – Filial Sorocaba / SP
No armazém da respectiva filial, as docas de transferência são devidamente nomeadas para cada operação de embarque ou desembarque. Em um ato de cross-docking quando veículos de médio porte, tocos e ¾, ou até mesmo carretas, retornam com coletas realizadas na região. O processo de cruzamento de docas se inicia após a descarga da mercadoria que é realizado por motoristas, ajudantes e conferentes, passando por todo um processo de tratamento; tendo uma sequência iniciada por lançamento manual de dados da mercadoria em um sistema integrado, ou via arquivos EDI, que em cargas de maiores volumes, onde muitas notas fiscais devem ser lançadas no sistema. Esse processo pode ser substituído pela a importação de dados, que é de /suma importância para diminuir, em grande escala, o armazenamento, tendo mais agilidade no processo do cross-docking, pois o tempo de importação de informação é extremamente rápido. Em seguida, é realizada a impressão de etiquetas e etiquetagem manual, embarque automático ou manual via sistema, movimentação hidráulica da carga paletizada, transferência manual para tratamento, bipagem com coletor de informação sem fio por código de barras UPC, pesagem, cubagem, após esse processo é liberada a documentação (CTRC), consolidação, embarque virtual por coletor de dados, embarque físico com a distribuição manual, fracionando a carga manualmente e por meio de esteiras flexíveis com roletes direcionados, carregando em distribuição para destinos diferentes embarcados, para os respectivos veículos, que são de maiores portes, truck’s e carretas, com variação para menores portes. Toda essa movimentação/processo é realizada aproximadamente em um tempo de seis horas, para fracionar em carregamento toda a carga coletada na região no dia. Após o baú lacrado, o motorista é liberado com toda a documentação necessária (CTRC’s, Vale Frete e manifesto da carga) para o transporte das mercadorias carregadas.
Essa carga fracionada, em continuidade desse mesmo processo descrito de outra filial para a filial de Sorocaba, também passa por um processo de cross-docking, onde é realizada a descarga dos materiais, com desembarque por coletor de dados, caixa por caixa e também utilizando esteiras flexíveis com roletes, distribuindo, paletizando manualmente a carga por rotas de entrega, que após cada pallet preenchido, são feitas as movimentações dos mesmos até suas devidas docas de região especifica. Em cada doca é alocado um veículo para o carregamento, o material é embarcando via sistema integrado por meio de coletor de dados em código de barras, esse material é carregado manualmente por seus respectivos motoristas ajudantes e conferentes, para ser realizada a entrega ao destino final da mercadoria.


5. REFERÊNCIAS

ALVES, Eduardo Sampaio. Sistemas logísticos integrados: um produto de referência. 2000. 109f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 2000.
BOWERSOX, D. J.; COOPER, M. B.; CLOSS, D. J. Gestão da Cadeia de Suprimentos. Porto Alegre: Bookman, 2006.
CHING, Hong Yun. Gestão de estoques na cadeia de logística integrada: supply chain. São Paulo: Atlas, 1999.
GURGEL, Floriano Amaral. Logística Industrial. São Paulo: Atlas, 2000.
OLIVEIRA, Patrícia Fernandes.; PIZZOLATO, Nélio Domingues. A eficiência da produção através da prática do cross-docking. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 22., 2002, Curitiba, PR. Disponível em: <http://www.gestori.com.br/website2/diversos/artigos/cross_docking.pdf> . Acesso em: 06 Abr. 2012.
PIRES, Silvio R. I. Gestão da Cadeia de Suprimentos: conceitos, estratégias, práticas e casos – Supply chain management. São Paulo: Atlas, 2004.
SIMCHI-LEVI, D.; KAMINSKY, P.; SIMCHI-LEVI, E. Cadeia de Suprimentos: projeto e gestão: conceitos, estratégias e estudos de casos. Porto Alegre: Bookman, 2010.



[1] Lead time, termo usado na produção, indica o tempo entre o início e término de uma atividade.

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