ARTIGO CIENTÍFICO - CROSS-DOCKING
UNIVERSIDADE DE SOROCABA
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
Curso
de Tecnologia em Logística
Alex
Felix Nepomuceno
CROSS-DOCKING
MS: Marinete A. Martins
Sorocaba/SP
2012
1. CONCEITO
De
acordo com Kinnear (1997 citado por PIRES, 2004, p.244)
O termo
cross-docking tem origem no modal marítimo e no ferroviário e começou quando
grandes navios atacados em portos passaram a descarregar suas cargas “over the
dock”, ou seja, passaram a descarregar diretamente em outros pequenos navios,
barcos ou vagões ferroviários. O setor ferroviário passou também a adotar tal
prática, que logo se espalhou para outros setores industriais.
Ching
(1999) ressalta que o cross-docking pode ser definido como uma operação do
sistema de distribuição em que os produtos são recebidos, selecionados e
encaminhados para outro veículo.
O objetivo do
cross-docking é combinar estoques de múltiplas origens no sortimento de um
cliente especifico. Os varejistas fazem amplo uso das operações de
cross-docking para reabastecer lojas de estoques de alta rotatividade.
(BOWERSOX; COOPER; CLOSS, 2006)
Segundo Gurgel
(2000) quando o varejista contrata o fornecimento de itens de grande volume, que
são entregues em caminhões fechados e diretamente nas lojas, sem necessidade de
passar pelo centro de distribuição do varejista, poderá colocar uma clausula no
contrato de cross-docking. O forne’cedor reservará, em cada caminhão um lugar
para dois paletes e determinará que o caminhão passe antes no centro de
distribuição do varejista. À noite são determinadas as necessidades das lojas
de itens de baixo volume, que são separados e colocados nas docas, com as
respectivas notas fiscais. Ao chegar o caminhão transportando mercadorias de
alto volume a serem entregues diretamente nas lojas os itens de baixo volume
são colocados no caminhão na área reservada.
Considera-se que o
cross-docking é uma estratégia que a Wal-Mart tornou famosa. Nesse sistema, os
depósitos funcionam como pontos de coordenação de estoques, em vez de pontos de
armazenamentos de estoques. Em sistemas cross-docking típicos, as mercadorias
chegam aos depósitos a partir dos fabricantes, são transferidas para veículos
que atendem os varejistas e são entregues o mais rápido possível. As
mercadorias permanecem muito pouco tempo no depósito – muitas vezes, menos de
12 horas. (SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010)
2.
VANTAGENS
“Ao aplicar o
sistema cross-docking limita-se os custos de estoques e diminui os leads times[1]
através da diminuição do tempo de armazenamento”. (SIMCHI-LEVI; KAMINSKY;
SIMCHI-LEVI, 2010)
Como afirmam
Oliveira e Pizzolato (2002) o cross-docking, permite que a administração dos
Centros de Distribuição concentre-se no fluxo de mercadorias e não na
armazenagem das mesmas. A aplicação deste sistema busca reduzir ou eliminar, se
possível, duas das atividades mais caras realizadas em um armazém: a estocagem
e o picking.
Segundo EAN
Internacional (2000), dentre as diversas vantagens na aplicação do sistema
cross-docking, destacam-se:
·
Redução de custos;
·
Redução da área física
necessária no CD;
·
Redução da falta de
estoque nas lojas dos varejistas;
·
Redução do número de
estoques em toda a cadeia de suprimentos;
·
Redução da complexidade
das entregas nas lojas: é realizada uma única entrega formada com toda a
variedade de produtos dos seus diversos fornecedores, em um único caminhão;
·
Aumento do turn-over no
CD: a rotatividade dentro do centro de distribuição aumenta, já que o sistema
opera com entregas em menores quantidades e com maior frequência;
·
Aumento da
disponibilidade do produto: devido ao ressuprimento contínuo ao varejo;
·
Suaviza o fluxo de bens:
torna-se constante devido às encomendas frequentes;
·
Torna acessíveis os dados
sobre o produto: devido ao uso de tecnologias de informação que proporcionam a
intercomunicação entre os elos da cadeia, como por exemplo, o EDI que unifica a
base de dados.
3.
DESVANTAGENS/DIFICULDADES
De acordo com
Schaeffer (1998 citado por OLIVEIRA;PIZZOLATO, 2002), a desvantagem que se pode
identificar estaria nos custos e esforços que os outros membros da cadeia de
suprimentos teriam que absorver para que o sistema cross-docking alcance
sucesso. Esses esforços estariam voltados para a implementação de melhorias em
seus sistemas com o objetivo de fornecer a base necessária para o funcionamento
efetivo do cross-docking. Entretanto, convencer os membros da cadeia a absorver
estes custos e esforços não é uma tarefa fácil, pois se deve ter em mente a
cooperação entre todos dentro da cadeia produtiva para atingirem o sucesso.
Para
Alves (2000) muitas operações possuem todos os elementos físicos requeridos
para implantação do cross-docking, ou seja, disponibilidade de um depósito,
pessoal, equipamentos e veículos. Nestas circunstâncias, é temeroso executá-lo,
sem o desenvolvimento de um planejamento prévio e formalizado. Este tipo de
operação exige sincronização e integração entre diversas funções internas e
externas.
“Essa
estratégia apresenta como desvantagem o aumento no custo do transporte para o
fabricante e distribuidor, pois devem enviar caminhões menores para mais
destinos”. (SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010)
4.
ESTUDO
DE CASO
Transportadora
Braspress – Filial Sorocaba / SP
No armazém da respectiva filial, as
docas de transferência são devidamente nomeadas para cada operação de embarque
ou desembarque. Em um ato de cross-docking quando veículos de médio porte,
tocos e ¾, ou até mesmo carretas, retornam com coletas realizadas na região. O
processo de cruzamento de docas se inicia após a descarga da mercadoria que é
realizado por motoristas, ajudantes e conferentes, passando por todo um
processo de tratamento; tendo uma sequência iniciada por lançamento manual de
dados da mercadoria em um sistema integrado, ou via arquivos EDI, que em cargas
de maiores volumes, onde muitas notas fiscais devem ser lançadas no sistema.
Esse processo pode ser substituído pela a importação de dados, que é de /suma
importância para diminuir, em grande escala, o armazenamento, tendo mais
agilidade no processo do cross-docking, pois o tempo de importação de
informação é extremamente rápido. Em seguida, é realizada a impressão de
etiquetas e etiquetagem manual, embarque automático ou manual via sistema,
movimentação hidráulica da carga paletizada, transferência manual para
tratamento, bipagem com coletor de informação sem fio por código de barras UPC,
pesagem, cubagem, após esse processo é liberada a documentação (CTRC),
consolidação, embarque virtual por coletor de dados, embarque físico com a
distribuição manual, fracionando a carga manualmente e por meio de esteiras
flexíveis com roletes direcionados, carregando em distribuição para destinos
diferentes embarcados, para os respectivos veículos, que são de maiores portes,
truck’s e carretas, com variação para menores portes. Toda essa
movimentação/processo é realizada aproximadamente em um tempo de seis horas,
para fracionar em carregamento toda a carga coletada na região no dia. Após o
baú lacrado, o motorista é liberado com toda a documentação necessária (CTRC’s,
Vale Frete e manifesto da carga) para o transporte das mercadorias carregadas.
Essa carga fracionada, em
continuidade desse mesmo processo descrito de outra filial para a filial de
Sorocaba, também passa por um processo de cross-docking, onde é realizada a
descarga dos materiais, com desembarque por coletor de dados, caixa por caixa e
também utilizando esteiras flexíveis com roletes, distribuindo, paletizando
manualmente a carga por rotas de entrega, que após cada pallet preenchido, são
feitas as movimentações dos mesmos até suas devidas docas de região especifica.
Em cada doca é alocado um veículo para o carregamento, o material é embarcando
via sistema integrado por meio de coletor de dados em código de barras, esse
material é carregado manualmente por seus respectivos motoristas ajudantes e
conferentes, para ser realizada a entrega ao destino final da mercadoria.
5. REFERÊNCIAS
ALVES, Eduardo Sampaio. Sistemas logísticos integrados: um produto de referência. 2000.
109f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal
de Santa Catarina, Santa Catarina, 2000.
|
BOWERSOX, D. J.; COOPER, M. B.; CLOSS, D. J. Gestão da Cadeia de Suprimentos.
Porto Alegre: Bookman, 2006.
|
CHING, Hong Yun.
Gestão de estoques na cadeia de logística integrada: supply chain. São
Paulo: Atlas, 1999.
|
GURGEL, Floriano Amaral. Logística Industrial. São Paulo: Atlas, 2000.
|
OLIVEIRA, Patrícia Fernandes.; PIZZOLATO, Nélio
Domingues. A eficiência da produção através da prática do cross-docking. In:
ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 22., 2002, Curitiba, PR.
Disponível em: <http://www.gestori.com.br/website2/diversos/artigos/cross_docking.pdf> . Acesso em: 06
Abr. 2012.
|
PIRES, Silvio R. I. Gestão da Cadeia de Suprimentos: conceitos, estratégias,
práticas e casos – Supply chain management. São Paulo: Atlas, 2004.
|
SIMCHI-LEVI, D.; KAMINSKY, P.; SIMCHI-LEVI, E. Cadeia de Suprimentos: projeto e gestão: conceitos,
estratégias e estudos de casos. Porto Alegre: Bookman, 2010.
|
0 comentários:
Postar um comentário