Gestão de Logistica e Produção
A lista de materiais (ou estrutura de produto)
O programa-mestre dirige o restante do processo do MRP.
Depois de computado o MPS, o MRP efetua a leitura das listas de materiais de
cada produto final e calcula os volumes e o momento das necessidades de
submontagens e componentes. Para explicar o processo, será utilizada uma lista
para um produto hipotético. O MRP requer o cadastro dessas listas de materiais
num banco de dados corporativo. Outro nome que se dá à lista de material é
estrutura de produto. Este último nome é mais conveniente, pois a lista de
material nada mais do que uma árvore de produtos nível a nível que descreve a
relação item-pai x item-filho. Abaixo, segue modelo de estrutura do produto
hipotético que utilizaremos em nosso exemplo.
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É dada a estrutura do produto hipotético A, mostrada
acima. A leitura da estrutura
mostra que o item final A é composto dos subconjuntos B, C e D; o subconjunto B é composto dos itens E, F e G; o
subconjunto C é composto pelos itens E
e I; o subconjunto D é formado pelos itens J
e K; o subconjunto F é composto do item H; e o subconjunto K é formado pelo
item I. Da análise desta estrutura, surge o conceito de nível. Observe que cada
degrau da estrutura está identificado pelas siglas N0, N1, N2 e N3. Estas
siglas representam o nível de cada produto. Arbitrariamente, os engenheiros da
IBM que conceberam o MRP sistematizado, definiram que o produto acabado (A)
está no nível zero (N0); os componentes que formam o produto acabado estão no
nível 1 (N1); os componentes dos subconjuntos do N1, estão no nível 2 (N2) e,
assim, sucessivamente. A estrutura hipotética acima é composta de 4 patamares,
ou seja, 4 níveis.
Observe, também, que uma estrutura completa deve incluir
os índices de cada item. Dessa forma, o item A é composto de 2 subconjuntos B;
o subconjunto B é composto de 2 subconjuntos F e, assim, sucessivamente.Os
índices são muito importantes, pois o MRP os utilizará para efetuar o cálculo
da demanda bruta nível a nível, após o cômputo do MPS.
A estrutura também define o a relação item-pai x
item-filho. Observe que na relação entre o N0 e N1, o item A é um item-pai e os
itens B, C e D são seus filhos; na relação entre o N1 e N2, os itens B, C e D
são itens-pais e os itens E, F, G, I, J e K são itens-filhos.
Outro conceito derivado da estrutura de produto é a
definição de item fabricado e item comprado. Por definição, um item fabricado é
aquele que possui componente, ou seja, é aquele que possui algum nível abaixo
de si; um item comprado é aquele que não possui componente. No exemplo, itens
fabricados são: A, B, C, D, F, J e K;comprados são: E, H, G e I.
Um outro conceito derivado da análise da estrutura é a
definição de item dependente e independente. Por definição da filosofia MRP,
itens de demanda dependente são todos aqueles cuja necessidade depende da
demanda de algum outro item; itens de demanda independente são aqueles que
independem da necessidade de outros itens. Por exemplo, a demanda (ou
necessidade) do item B, depende da necessidade do item A. Se por acaso, ao
calcular o MPS, o MRP encontrar no registro de estoque quantidade suficiente de
A para atender a demanda de um período, ele não programará a fabricação do item
B. Por isso, a demanda do item B depende da necessidade do item A; logo,
dizemos que B é de demanda dependente. O único item, por definição, que não tem
sua demanda atrelada a outro item é sempre o acabado, neste caso, o item A. Ou
seja, por regra geral, todos os itens da estrutura que estão alocados em algum
nível inferior ao N0, são considerados de demanda dependente; o produto final,
que sempre está no N0, é considerado de demanda independente. Os sistemas EMS e
Magnus, por conceito estabelecido pela própria Datasul, definem que todo item
de uma estrutura de produto, incluindo o próprio item acabado, devem ser de
demanda dependente. Se algum item da estrutura estiver parametrizado como
demanda independente, o MRP desses dois sistemas, não efetuará programação para
o produto. Algumas considerações importantes são necessárias:
Quantidades múltiplas de alguns itens são necessárias;
isto significa que o MRP deve conhecer a quantidade necessária de cada item
para ser capaz de multiplicar pelas necessidades.
Um mesmo item (no exemplo anterior, os itens F e I) pode
ser utilizado em diferentes níveis da estrutura de produto. Nesse exemplo, o
subconjunto F é necessário para montar os
subconjuntos B e J; o componente I é necessário para montar os
subconjuntos C e D. Isto significa que o MRP deve levar em conta este fato e, a
cada estágio, somar as necessidades para determinar quantos itens F e I são
necessários no total.
Registros de estoque
O arquivo que
contém as estruturas de produtos fornece ao MRP, então, a base de dados dos
componentes na forma de uma lista de materiais nível a nível. Ao invés de,
meramente, tomar esses componentes e multiplicá-los pela demanda, de modo a
determinar as necessidades totais de materiais, o MRP reconhece que alguns dos
itens necessários podem já estar em estoque. Este estoque pode estar na forma de
produtos finais; produtos em processo; ou matérias-primas. É então necessário,
começando pelo nível zero (N0) de cada lista, verificar quanto estoque há
disponível de cada produto final, subconjuntos e componentes, para que se possa
calcular o que é chamado de necessidade líquida - a quantidade exata necessária
para, juntamente com o estoque, atender à demanda. Para fazer isso, o MRP
requer que sejam mantidos registros de estoque.
Precisão dos registros de estoque
Assim como na
gestão das listas de materiais, é fundamental para qualquer sistema MRP, que os
registros de estoque estejam precisos e atualizados. Os erros ocorrem e o
estoque pode ser desviado ou perecer, de modo que os registros de estoque nunca
irão refletir exatamente o que há fisicamente em estoque numa empresa. Em
virtude disso, controles rotativos de inventário são executados em muitas
empresas.
O inventário rotativo consiste em verificar se a
localização e o nível físico de estoque de determinado produto coincidem com o
registro do computador. Quando uma diferença é encontrada, o registro do
computador é atualizado para refletir a realidade.
As implicações da falta de acuidade dos registros de
estoque são faltas de materiais que levam às reprogramações da produção,
resultando em ineficiências e, possivelmente, em falhas na satisfação de um
pedido de cliente. Por outro lado, as falhas no controle de estoque podem
acarretar o excesso de materiais estocados que causam desperdícios de tempo e
dinheiro, custo elevado de armazenagem e alto índice de obsolescência de
materiais.
MRP, JIT e OPT – Irineu Gianesi – Ed. Atlas, 1994
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